Memorial

A zona portuária do Rio de Janeiro é a maior intervenção de recuperação urbana do mundo, contando com novos espaços comercias, residenciais, corporativos e ainda implantação de novas infraestruturas de mobilidade urbana como o VLT –veículo leve sobre trilhos.

Nesse contexto entendemos que ao tratar a questão privada como pública conseguimos trazer a rua um pouco mais para dentro do prédio e com isso ganhamos vitalidade e segurança nos espaços comerciais. O terreno se torna assim mais permeável e o espaço público gerado se torna mais qualificado.

Este projeto tinha o desafio de colocar em uma mesma volumetria dois tipos diferenciados de espaços, um comercial e outro corporativo. Apesar da similaridade de usos, os dois espaços tem demandas diferentes de arquitetura.

Aliado a isso a análise de empresas de “fit corporativo” mostra que grandes empresas costumam necessitar além do seu espaço corporativo, de espaços para back-office menos qualificados, e é também comum que as empresas de menor porte, satélites destas de maior porte, tenham interesse de se instalar próximas as mesmas.

Desta forma potencializamos as diferenças de demanda de cada tipologia, como por exemplo, a variação de pé direito -de 3 m no setor comercial e de 4 metros nos ambientes corporativos. Assim foi possível criar ligações periódicas entre os dois programas que passaram a ter comunicação direta.

A orientação solar foi um fator preponderante para a implantação da edificação em forma de cruz. A fachada, portanto sofre mutações conforme a insolação, privilegiando sempre a vista sem descuidar a sombra necessária. Essa forma irregular gerada propicia à variação e acréscimo de área nos espaços e salas próximos a linha de fachada, mais valorizados em espaços corporativos.

No térreo foram criadas duas praças que valorizam os acessos ao edifício. Igualmente importante, a criação da alameda central que une esses espaços de convívio é responsável por trazer a permeabilidade ao terreno e tem grande relevância para o design do projeto. O dinamismo da forma final gerada tem também função arquitetônica, por exemplo, internamente se aproveitando deste volume para fazer salas de reunião suspensas e externamente ajudando a dispersar o vento e controlar a insolação.