Sergio Conde Caldas

HOTEL PARQUE DA CIDADE

HOTEL PARQUE DA CIDADE

Rio de Janeiro, RJ, 2013

Memorial

O Parque da Cidade é endereço certo na memória afetiva de todo carioca que viveu sua infância entre os anos 60 e 90. Um lugar de lembranças lúdicas e ricas: da exuberância da mata, seus ipês amarelos, araucárias e jabuticabeiras, dos macacos prego e quatis. Dos lagos, rios, trilhas e imenso gramado com os piqueniques nos fins de semana. Era, sem dúvida, uma das melhores opções de lazer do Rio.

Acredita-se que ao longo do tempo, por conta crescimento das ocupações na comunidade que leva o nome do parque, iniciou-se um processo de degradação. A antiga propriedade do Marquês de São Vicente, que abriga o Museu da Cidade (e que recentemente teve sua restauração concluída) sofreu um esvaziamento e, como reflexo, começou a conviver com a falta de investimentos e perdeu a vitalidade de outros tempos.

Em 2011, um de nossos clientes estava comprando um enorme terreno às margens do parque e tinha o desejo de desenvolver ali um projeto transformador. Por conta dos grandes eventos programados para o Rio, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, a expectativa de reabilitação da cidade era enorme. Havia, inclusive, um incentivo para a produção de unidades de hotelaria no local na tentativa de evitar a ocupação irregular.

Fizemos um projeto de um resort no meio da mata, partindo da premissa de que nosso maior diferencial como grande metrópole é ter a maior floresta urbana do mundo. A região das praias sempre foi extremamente explorada pela rede hoteleira no Rio. Nossa floresta, jamais. O projeto previa a construção de pequenos bangalôs com inspiração na arquitetura indígena, apesar da linguagem contemporânea; respeito à topografia e à mata, com metodologia construtiva de baixo impacto e os conceitos de sustentabilidade; e uma mínima interferência na paisagem com taxa de ocupação de 2% da área.

O acesso ao resort seria através de servidão por dentro do parque, que teria toda a sua qualidade paisagística e o Museu da Cidade restaurados. A manutenção passaria a ser responsabilidade do hotel através de uma PPP (Parceria Público-Privada) por concessão. Estava previsto também um programa de treinamento e qualificação para a inclusão dos moradores da comunidade vizinha à mão de obra do novo empreendimento. O hotel seria responsável por uma extensa programação cultural para o parque e para o museu. E todas as trilhas seriam restauradas para a prática de esportes, resgatando a vitalidade da região e, com isso, minimizando os problemas de segurança. Nosso projeto tinha como objetivo provocar toda essa renovação. Tornar o espaço rentável, criando uma alternativa para mantê-lo sem a exclusiva responsabilidade do poder público, pode ser a solução para o uso dos cariocas.

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Prêmios