Memorial

O Movimento Terras tem como objetivo ser um divisor de águas entre os projetos brasileiros de eficiência energética. Ao desenvolver e potencializar as ações já implantadas no empreendimento, essa iniciativa apresentará um novo modelo para construções sustentáveis, seja em termos de capacitação de todos os profissionais envolvidos, ou ainda em questões de viabilidade técnica e econômica. Assim, a escala de construções de baixo impacto ambiental poderá ser eficientemente alargada.

A Casa 3 faz parte de um conjunto de oito casas projetadas pela iniciativa chamada de Movimento Terras, cuja principal motivação era própria experiência de um projeto-piloto e seu potencial de repercussão. Atualmente o empreendimento localizado na cidade de Pedro do Rio (RJ) já é reconhecido como pioneiro no setor em termos de sustentabilidade.
Isso se dá porque ele representa a primeira vila ecológica na cidade do Rio de Janeiro, implantado em uma região de loteamentos recentes onde já existe infraestrutura, licenciamentos e onde os parâmetros ambientais estão compatíveis com a realidade atual.

O selo visado pela casa é o BREeam (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), que corresponde a mais antiga certificação de sustentabilidade, a mais disseminada no mundo, mas no entanto até então inédita na América Latina. Buscar esse selo significa, em outras palavras, dizer que a Casa 1 é energeticamente eficiente e segue rigorosos padrões em técnicas que viabilizam o baixo consumo de água e de energia elétrica, tratamento de esgoto, conceitos de conforto ambiental, reflorestamento e aproveitamento de materiais reciclados ou de baixo impacto na fabricação.

Mas é preciso ressaltar que esta, a primeira casa construída na vila, é sustentável não apenas ecologicamente, mas principalmente por ela iniciar um movimento de melhorias para região (a qual será vista como local receptivo a mais projetos desse tipo) e para os trabalhadores locais envolvidos na construção (os quais receberam treinamento e aprenderam novas técnicas construtivas).

Sendo assim, a própria concepção do projeto se deu a partir de uma ideologia difusora, isto é, a proposta sempre esteve condicionada a propagação da metodologia de trabalho implementada e dos conhecimentos técnicos com ela adquiridos. Muito além de uma casa verde com alta qualidade de design e eficiência energética ela propõe um novo método de projetar e construir, fazendo com que o arquiteto utilize suas ferramentas para promover a responsabilidade social para além do seu meio profissional e do tempo de vida de uma obra.

Em termos arquitetônicos, a casa que tem morfologia formando um “L” pode ser compreendida como dois retângulos, o primeiro com função social e o outro de caráter íntimo. No entanto, os ambientes se encontram ligados, seja de maneira visual ou espacial. Além disso, a utilização de materiais de origem natural como madeira e pedra conferem à casa a harmonia e o aconchego ideal para um local envolto ao verde.

A integração dos ambientes é princípio norteador do projeto, cuja centralidade se dá em um espaço de lazer aberto. Sendo assim, o projeto se desenvolve em três diferentes níveis nos quais as circulações não são apenas direcionais: são tratadas como possibilidades de percursos.

A casa na serra se coloca como refúgio da vida metropolitana priorizando a suíte máster: Isolada e com terraço verde próprio ela se materializa como um local introspectivo de observação da paisagem.